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Original text "Trilogia sexului rătăcitor" written in RO by Cristina Vremes,
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Manuela Zamith

Proofread

Paulo Capinha

Published in edition #2 2019-2023

Trilogia do sexo errante

Translated from RO to PT by Cristina Visan
Written in RO by Cristina Vremes

Diante do portão da tia Nicoleta havia muita gente vinda para acompanhar o tio Titi no seu último caminho, o tio Titi que, embora gostasse da pinga, era gente boa, alegre, grande azar para a sua mulher, gente nova, nunca se sabe o que Deus traz, mas a sua mulher cuidou dele, todos os dias lhe punha uma compressa fria na testa, e até o levou a todos os médicos, e olhe que até neste momento, o faz com muito esplendor, vide o caixão de que madeira boa, bordo parece-me, e como trouxe mulheres para cozinhar durante três dias para o banquete de despedida, e foi sozinha ter com o padre Cristea e bateu-lhe à porta, pedindo-lhe que dissesse a missa, porque o tio Titi gostava dele e falava sempre dele, e vejam o carro que leva o corpo para a campa, que eu acho que a coitada da mulher deve ter dado metade dos seus bens para o enterrar, para o homenagear, para o mundo se recordar dele. Miríades de vozes vinham do quintal, enquanto Ada se aproximava, pensando, assustada, que nunca antes tinha visto um morto. No portão tinha sido colocado um laço em algodão preto, pendurado em dois postes, anunciando o luto na família. Era assim a tradição, tinha-lhe dito a avó Mariana. A visão daquilo em plena rua, durante o verão e ao sol, quando a morte deveria ser mais lenta – não deveria a senhora da foice chegar pela fresca, no nevoeiro? – arrepiava o transeunte. O pedaço de tecido preto chamava os espíritos sob um sol abrasador.

No pátio do tio Titi, Ada parecia entrar numa terra diferente, num outro tempo, em que as tardes doces se teriam dissipado, onde a morte só teria lugar nos livros espalhados no sofá-cama. A tia Nicoleta estava sentada no banco. Estava envolvida em preto, e os feixes de luz refletiam-se através dos buracos das videiras como pesados pingos de água na roupa opressiva. Ada recuava, evitando-a, como se a tia Nicoleta estivesse contaminada pelo fúnebre e pela putrefação. Sem se conseguir defender, a mulher precipitou-se na sua direção e estalou-lhe os ossos num abraço fortíssimo. Ada sentiu-se sufocar por causa das vestes de luto cheias de suor.

Minha querida, minha filha, que azar, se tu soubesses, minha filha, que negrura tenho na alma, o meu marido deixou-me, minha filha, o que fazer agora eu, sozinha, a acordar sozinha, minha filha, com quem falar agora, ai, minha filha, ele foi-se, o teu tio Titi foi-se, lembras-te ainda que homem jeitoso era ele, quando te ensinou a jogar às damas? Mas olha que agora deixou-me sozinha e quero segui-lo, na terra, porque não sei o que mais fazer neste mundo. Sabes lá, filha, que sofrimento é, vê-lo a ir-se aos poucos, como se foi apagando, como perdeu as forças, sendo ele tão forte, lembras-te ? Quando eras ainda muito pequenina, pegava-te e dava voltas contigo no ar, e ria-se com vontade, e ajudava quem precisasse, e gostava de ficar no terraço ao entardecer antes de entrar em casa, gostava de olhar o céu, de ver se no dia seguinte iria ou não chover, e como dava gritos de alegria nas festas, e dançava connosco noite adentro até de manhã, e agora deixou-me sozinha que nem um cuco, a olhar sozinha para o céu, e a não ouvir mais uma palavra amiga à noite, valha-me Deus, mas eu quero ir com ele para a cova, tenho um peso na alma e fico doida, e não sei o que fazer sem o teu tio Titi.

Deixa a miúda em paz, interrompeu a avó Mariana, tirando Ada do corpo enfraquecido, magro, onde a tia Nicoleta a tinha sufocado. Ada estava a tremer. As palavras da tia tinham entrado nas suas veias fracas. Não sentia tanto a dor da tia Nicoleta, como a sensação de mordedura, como se lhe tivesse sido ingurgitada uma parte do corpo. Sentia-se esfolada, com a pele a baloiçar com o movimento da vinha.

Vem ver o morto, continuou a avó Mariana, para veres como é que é, agora que já és crescida.

Por baixo da vinha abria-se uma escada com cinco degraus que subiam até ao hall principal. No quarto à direita vislumbrava-se um amontoado de silhuetas pretas, algumas cabisbaixas e de chapéus debaixo do braço, outras de olhos lacrimejantes e a pele do nariz avermelhada. Os sussurros moviam-se pelas cavidades do silêncio solene, quebrado por meias-palavras e sílabas presas. Um grupo de mulheres tinha-se instalado num canto. Usavam lenço preto na cabeça, preso com ganchos à volta do cabelo. Por entre os contornos dos seus corpos, aparecia a madeira brilhante e majestosa do caixão, do qual saíam a toda à volta folhos, rendas, coroas de flores e imagens santas. Quatro velas fumegavam nos cantos, enquadrando a zona mortuária colocada em cima de um pedestal improvisado. O caixão estava colocado em cima da mesa onde a tia Nicoleta lhe tinha servido doce gelado de fruta e bolo de nozes. Tinha-lhe dado três pedaços e limonada de um garrafão com o gargalo partido. Isso antes de o tio Titi ficar acamado. O corpo sem vida, estendido entre as roupas leves, via-se parcialmente, de perfil, por trás das silhuetas de tecido preto. Quanto mais se aproximava, entrevia-se um nariz de cera, as mãos cruzadas no peito e a ponta brilhante dos sapatos pretos. Vem dizer adeus ao tio Titi, dizia-lhe avó Mariana, empurrando-a pelas costas. A face de cera parecia estar prestes a mexer-se. Tinha sido habituada a ver a mesma cara com os músculos em movimento. A pele escurecida parecia já não conter o tio Titi, ou aquele que ele algum dia tinha sido. Os fiozinhos vermelhos das bochechas, que Ada tinha estudado quando o tio Titi era vivo e jogavam damas, tinham desaparecido, deixando à superfície uma epiderme compacta. Ada olhava para um ser estranho, que tinha na cara vagos traços familiares. Os lábios tinham cor da beringela e o nariz cimentado numa forma autoritária, essencializada. Os traços da cara tinham-se reduzido a uma rede clara de nervuras, um retrato desenhado do homem que tinha sido. Na pele tinha um pozinho branco muito fino e os lábios estavam pintados de vermelho. As sobrancelhas estavam delineadas a lápis castanho. O tio Titi estava maquilhado, como se fosse para lhe animar os traços pela última vez, para ser, por assim dizer, mais bonito, mas o efeito era grotesco, e parecia ainda mais morto com todas aquelas cores, como uma boneca empalhada, enorme.

Foi-se e já não é. Engoliu o marmelo, como dizia a avó Mariana divertida, quando ouvia os sinos fora de horas, numa boda ou num enterro.

Debaixo do fato pesado em que o tio Titi se tinha casado, podia-se adivinhar um corpo minguado, em torno do qual havia lenços, um maço de cigarros, um transistor pequeno como a palma da mão, uma caixa de tabaco, a lâmina de barbear de prata, que levava com ele para o outro mundo. Ada olhava a tampa do caixão apoiada na parede e pensava que o mundo do além devia ser pequeno na caixa de madeira em que o tio Titi iria jazer.

Disse-lhe adeus e afastou-se com medo de que o corpo inerte a pudesse puxar para o além, se ali tivesse ficado mais tempo. Uma corrente invisível pulsava à volta do caixão. Por isso, tinham coberto os espelhos com lençóis, para o tio Titi não se ver e se assustar, quer dizer ver que já não existia. A morte, em que já não te mexes, estava mesmo em frente de Ada, e ela não compreendia o seu sentido. Não deveria ficar mais longe? No além? Mas o tio Titi estava morto ali mesmo, no mesmo quarto, o que significava que ela também tinha entrado no além. Se estão enganados e ele não está morto? Porque de um certo ponto de vista não está, já que ele vai para outro lado. É assim que todos dizem, que se foi, partiu, portanto agora ele anda algures, mesmo que pareça imóvel.

No calor das velas acesas, as conclusões vertiginosas invadiam vorazes Ada. Atrás dela, o grupo de carpideiras preparava-se para chorar, parecendo um bando de gralhas que anunciam o mal, chorá-lo porque se foi, todas elas juntas, cantar-lhe o seu último caminho, porque a tia Nicoleta com o seu choro não bastava, eram necessários mais choros de mulher para que ele se eleve aos céus e Deus ouça como o tio Titi estava a ser lamentado. Ada nunca tinha visto carpideiras, mas sabia o que elas faziam. Era o seu ofício. Choravam defuntos. Mesmo que nem todas os conhecessem. Ada ouvia-as a sussurrar; tinham de começar em breve. Se não chorarem suficientemente alto, o defunto não sai de casa. E se não sai, torna-se morto-vivo, preso entre os dois mundos. Era o que se dizia. O tio Titi, estava naquele momento algures no teto da sala a olhar para baixo, para a multidão. Ada perguntava-se se ele estaria zangado com ela, porque tinha ficado com medo e lhe tinha parecido feio. Pedia para não a castigar. Havia muitas coisas que não compreendia. Se ele está no teto e está connosco, porquê chorá-lo? Se a tia Nicoleta acredita que o irá encontrar no além, porque não tem um pouco de paciência e acha isso tudo trágico?

No jardim, o sol batia com força. A paisagem era surda à dor que estava dentro de casa. Do outro lado da rua, a padaria com pão quente estava aberta. Ada tinha fome, o que significava que estava viva, que não devia abandonar o seu corpo e subir para o teto, ver a avó Mariana chorar por ela.

As carpideiras lamentavam-se lá dentro, curvando-se em salamaleques e sacudindo o corpo todo. Choravam em coro, depois algumas cansavam-se e retiravam-se para o lado, treinando os pulmões para ainda mais sofrimento numa segunda fase. Era um espetáculo, ao mesmo tempo cómico e arrepiante. Se a morte tem uma cara, ela era a cara desse bando negro, enrugado e obsceno, que tinha um cheiro pesado, porque as carpideiras raramente lavavam as suas vestes, para deixarem que o cheiro da morte se entranhasse profundamente na epiderme do tecido. Seguiu-se depois a missa do padre Cristea, que estava sinceramente triste, porque costumava beber um copito com o defunto, e era ainda muito cedo, era muito novo, mas assim foi a vontade de Deus. Cercou o cadáver numa nuvem de incenso produzida pelo turíbulo oscilante, que acompanhava a voz grave da batina que rezava para o receber nos céus. Depois chegou a altura de sair de casa com os pés para a frente, ao ombro dos vizinhos, tios e sobrinhos. Quando a ponta do caixão estava inclinada à entrada da escada, a tia Nicoleta disse “eu fico com ele aqui, não o deixo ir”, depois desmaiou no hall. Os calcanhares nus espalhados no chão, e os sapatos pendiam moles junto da mulher desmaiada.

Levantaram-na, deram-lhe água açucarada, e a tia Nicoleta passou para a frente no cortejo que levava o tio Titi pelo seu último caminho, coberto somente com um véu transparente. Antes de o meterem na carrinha, uma carpideira cortou-lhe a corda para ter as mãos livres no último caminho, ter força nas portagens que irá atravessar, em cada cruzamento, onde a mesma carpideira espalhava sal pelos cantos, para o deixar passar. Porque é que paramos tantas vezes? perguntava Ada. Ficamos para pagar a passagem para o defunto, e ainda para mais, não se pode passar à frente do defunto. Ada perguntava-se onde é que se encontra aquele que recebe o pagamento, se está pendurado no poste, se é invisível, se a carpideira com o sal o está a ver, se falam o mesmo idioma. Imaginava todo o bairro da Chitila, e particularmente, o caminho para o mercado, transfigurados no além. Ada via os portões fechados, os quintais vazios, as fachadas empenadas, e parecia-lhe tudo igual.

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