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Original text "Manoeuvre" written in NL by Simone Atangana Bekono,
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Published in edition #1 2017-2019

Manobra

Translated from NL to PT by Xénon Cruz
Written in NL by Simone Atangana Bekono

É fim de janeiro, um sábado, um ano depois de teres deixado o vaporizador  de arroz em casa dela. Enches duas canecas de café e tiras as fatias de pão da  torradeira. O açucareiro está na penúltima prateleira do armário em cima  do fogão. Quando te esticas para lá chegar, o teu ombro faz um som  enjoativo. Ela levanta os olhos do telefone, que está pousado ao lado dos seus óculos, em cima da mesa de jantar. Pões o açucareiro em cima da mesa,  pedes licença e choras na casa de banho. Se expirares lentamente, quase não  se conseguem ouvir os soluços. Um eco, se tanto. Um segredo que partilhas  com o calendário mensal pendurado na porta. 
Lavas a cara e passas pelas bochechas a pequena toalha pendurada ao  lado do lavatório, secando-as suavemente. Os óculos esconderão as  manchas vermelhas por baixo dos olhos. Quando terminas, voltas para a  cozinha, pões o resto do pequeno-almoço na mesa. Prometes levá-la à  estação rodoviária. Ela ainda tem uma horinha antes de ter de ir para casa.  Foi agradável, pôr a conversa em dia. A não ser o ombro, o teu corpo todo  parece ser feito de linhas escorregadias e curvas frouxas, quando te sentas à  frente dela. Tem os pulsos mais finos, o queixo mais pronunciado.  Perguntas-te se há coisas em ti que lhe despertam a atenção, as tuas maçãs  do rosto, por exemplo, as tuas ancas agora desenvolvidas. 
Há um ano esvaziavas metade da sala de estar do apartamento que vocês  partilhavam. Depois de arrumares as cortinas, dava para sentir no corredor  o cheiro a cloro no teu quarto. Foste embora sem a televisão e o  vaporizador de arroz. O vaporizador, voltarias mais tarde para o vir buscar. 
No pequeno corredor do prédio onde vocês as duas fizeram anti squatting1 durante um ano, prendias entre as mãos uma das caixas do  serviço de louça. Os teus dedos latejavam de dor, esfalfados do carregar,  desmontar e esfregar. Na caixa encontravam-se as últimas coisas que ias  meter no carro: pratos de sopa, chávenas verdes com abas douradas, panos  de cozinha e, claro, o bule japonês cinzento. Sentias a forma como o sangue  de um dos cortes nos teus dedos se misturava com a camada de pó da caixa  de cartão. Esfregaste a ponta do dedo de trás para a frente até o bocado de  cartão onde o tinhas encostado ficar molhado, tornando o movimento  mais difícil e o corte começar a arder da fricção e da sujidade. Ela estava no  vão da porta da sala de estar. O póster que tinha estado pendurado na  parede atrás dela estava agora enrolado numa mala na parte de trás do  carro, a esta altura, provavelmente já amarrotado pelas outras coisas que  levavas contigo.

Tencionavas dizer adeus num tom forte, à casa, a ela, ao tapete da  sala, onde vocês tinham estado sentadas na noite anterior e em cujo tecido  o desejo de a beijar se tinha embrenhado como sumo de polpa. Esse desejo:  pegajoso, doce, e agora invisível. Mas isso foi ontem. Agora cheiravas mal e  não conseguias encontrar as palavras certas para dizer aquilo que querias dizer. Portanto, ela aproveitou, disse adeus como se ainda fosses voltar e  depois abriu a porta de entrada para ti. 
«Tenho tanto orgulho em ti», disse ela, e era como se estivesse a  gozar contigo, com aquele sorriso que continuarias a tentar decifrar  durante meses até perceberes que aquilo que ela dissera tinha sido bem intencionado. 
Prometes, portanto, levá-la à estação rodoviária. Quantas vezes terás  passado de carro pelos terrenos baldios na orla da tua vila, pelos campos, as  estufas de beringelas, os estrumais à beira dos estábulos das vacas, o carro  alegórico de Carnaval quase terminado na herdade da quinta que tem um  salão de beleza montado no celeiro adjacente. Antigamente desviavas o olhar da paisagem que irrompia pela janela do autocarro. Agora olhas e  tentas encontrar nela uma estética, sabendo imediatamente que essa  mesma estética apenas resultará de uma saudade de um tempo do qual não  te consegues desprender e cuja sensação de abismo ainda hoje consegues  sentir. Estacionas o carro algo afastado do centro para que ainda possam caminhar um pouco pela vila. Atravessam o centro comercial meio  abandonado, um cemitério de montras vazias e letreiros a dizer  «vende-se». A crise até pôs um fim ao snack-bar, onde vocês iam comer  sandes de kroket depois das aulas. Lembras-te o quão angustiada te sentias  naquela altura, mas também o quão protegida. Este momento é a  destruição do novo eu que nos últimos anos tinhas vindo a construir com  dificuldade. Acompanhas o desmoronamento de forma consciente, o que  te provoca uma sensação desagradável e incómoda no estômago. Mas  algures, lá bem no fundo, sabes também que esse novo eu existe de uma  maneira mais complexa do que apenas para reparar as coisas que falharam  no passado. A ideia de que o sofrimento é crucial para a redenção foi  ultrapassada. Esse era literalmente o lema da lição número um do livro de  autoajuda que se encontra na tua estante completamente mutilado pela  leitura. «A Ideia de que o Sofrimento é Crucial para a Redenção foi  Ultrapassada», gritava Jesus na cruz, na página sete, o símbolo da serpente  autofágica algures mais à frente no livro. 
A chuva miúda cai sobre as vossas cabeças, pousa nos vossos cabelos  como uma névoa cinza. O casaco dela é cinzento, de lã, vai até abaixo dos  joelhos e está na moda. Também tens um casaco daqueles. Reparas também nos brincos dela. São pequenos e de ouro. Ela aponta com um  dedo enluvado para o teu pulso. Uma pulseira dourada. 
«Bonito», diz ela e pensas, merda. Pensas, isto é tão típico. Pensas,  ela tornou-se simplesmente numa mulher, e tu também, e vocês não se  parecem em nada com as crianças que um dia foram, tão inquietas,  fenomenais e esmagadoramente sós, se bem que a descrição ainda vos  assente na perfeição. As vossas ancas que adquirem o mesmo ritmo  enquanto caminham, conversas que ficam reduzidas às mesmas frases padrão. Parecem suceder-se de forma atrapalhada e pouco sincera, mas são vos tão intrínsecas como as vossas colunas vertebrais. Sob a camada de  carne que foi amassada, surrada e demulcida, continua a existir aquele  esqueleto de uma criança delicada que se esforça para parecer forte, como  se sempre tivesses sido desproporcional. Não consegues, pura e  simplesmente, aceitar que és a única, sempre a única, que vê em que estado  é que as coisas estão e o quão mal elas estão e quanta pressão isso te põe. É  como se neste momento, depois do recobro, do apogeu e daquela morte  dolorosa e vazia da vossa amizade, ainda sentisses o amor que tens por ela envolto no teu corpo como o eczema que em criança arranhavas e que se  restabelecia na forma de cicatriz. Uma pele nova, fina, esticada. 
Talvez ela tenha sido o teu primeiro amor. Não, não é assim tão simples.  Esta história era sobre amizade, certo? Este momento, tu com a mala dela e  ela a apontar para o relógio renovado da igreja, resume na perfeição o que  compreende a vossa relação. O amor romântico não lhe faz justiça. O que  vos une é a exaltação das vossas memórias, dois amontoados de acontecimentos e rituais partilhados que, após frequente repetição,  começaram a ter cada vez mais significado, incharam, foram arrancados do  seu contexto e tornaram-se, por esse motivo, não apenas demonstrações da  vossa relação, mas expandiram lentamente, ainda que de forma segura, o  âmbito completo dos mesmos, até que a amizade no seu todo apenas se encaixava nesses rituais. O passeio confirma esses rituais, torna cada  movimento reconhecível, e é por isso que esta história não é sobre amor  romântico. Acabas também por isso com o ritual e dás-lhe um abraço algo  desconfortável quando chegam à estação, não esperas até que ela entre no  autocarro para te despedires, mas vais-te embora ainda antes de ele chegar. A viagem de carro para casa é um gongo ecoante num espaço vazio. O  desligar do motor, o momento de realização. Casaco no bengaleiro. Chaves  na gaveta. O chão de azulejos e os teus pés descalços. Demora uma  eternidade até conseguires abrir a torneira para encher um copo com água.  Sentes um formigueiro na mão esquerda, como se ela não estivesse a ser irrigada de sangue. Louça no armário. Tirar calças de ganga, vestir calças de  fato de treino. Mão direita aberta, mão esquerda tenta apoiar-se na parede. 

Empurras as mãos em prece invertida entre as coxas, estando deitada de  lado no sofá. Sonhas com o ritmo de uma língua que te cercou durante  algum tempo, mas que não já conheces, com um horário cheio de voos  atrasados, pistas de aterragem com buracos fundos à chegada a uma cidade  
por determinar. O sonho cheira a fatias de bacon fritas no apartamento em  Osdorp, a noite que antecedeu o empacotar da tua vida e o deixá-la.  Quando acordas horas mais tarde, esqueces nos primeiros minutos o que  aconteceu antes e a sensação é boa, como se fosses outra pessoa noutra  situação, com mais interesses pessoais e passatempos no CV. A seguir levantas-te e olhas no espelho da casa de banho. 

Porque a foste visitar depois da mudança? Por causa do vaporizador? E  porque apanhaste uma bebedeira tão grande que ficaste um quarto de hora  estatelada, sem te conseguires mexer, na estrada de Meer en Vaart, Osdorp,  depois de uma ida noturna à loja de conveniência para comprar cigarros? A  voz dela soava tão longe, como se estivesse a sufocar atrás de um muro.  Sabias que os homens que bebiam cerveja ao lado da entrada da loja  conseguiam ver-te as cuecas por baixo da saia, mas não importava. As  pedras desalinhadas da calçada picavam-te no rabo, nas pernas, nas  omoplatas, na nuca. As tuas roupas absorviam a água suja do chão. Olhavas  para as nuvens que refletiam as luzes do centro da cidade. Aquele brilho  feio laranja químico que Amesterdão deixava no céu. 
— Ainda te lembras? 
O caminho de volta para o apartamento? Ela vomitou nos arbustos  à beira da paragem do elétrico, tresandava a vinho azedo e batatas fritas e  agarrava-te com força. Assim não era divertido, pois não? Tivesses ficado  com ela. Ela não quer que fiques zangada com ela. 

Depois, ficaram as duas sentadas frente a frente no pequeno sofá do  apartamento a chorar e tu a acusá-la disto e daquilo e ela a fazer o mesmo. Observavas a forma como ela escovava os dentes e como esfregava  uma bolinha húmida de algodão para tentar tirar o rímel das pestanas.  Riscas pretas, espessas e grandes, nas bochechas, dos cantos dos olhos até às têmporas, manchas por baixo dos olhos. Quando atirou o algodão fora, a  cara dela estava longe de estar limpa. Soltou um riso trocista. Tremiam-te as  pernas, o teu corpo pesado contra a ombreira da porta, saiu: «Quero ir  para a cama agora», e por instantes ela parecia… 
— Estou enjoada. 
Um buraco. 
— Não consigo dormir. 
Estavas de tal forma zangada que parecia que te ia rebentar o tórax.  A melodia de uma canção que se estava sempre a repetir, mas de onde  vinha. Afinal eras tu a cantá-la em voz alta. Ela teve de rir novamente, virou-se para o teu lado na cama e tu, não fazes ideia — mas o que te passou  pela cabeça para dizeres aquilo? 

Como material fílmico que restou, estas coisas tinham de dar uma ideia de  como o resto da película poderia ter sido. Mas ela avança da seguinte  forma: os teus braços carnudos e os teus lábios escuros escamados que  querias apertar contra o pescoço dela, claramente visíveis no espelho. Uma  mulher cuja existência resulta de gestos automáticos sem espaço para improvisação. 

Voltas a pôr os móveis no sítio e deitas fora o resto do vinho branco de  ontem à noite no lava-louça. Um pouco de cera pingou da borda do  castiçal para a toalha de mesa. Aconteceu provavelmente quando sopraste a  vela para a apagar.

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