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Published in edition #1 2017-2019

A ponte

Written in PT by João Valente

Todas as estações de comboio têm um relógio. Na verdade, têm mais do  que um. Em cima da bilheteira fica o principal. Depois, na gare de  embarque, estão os mais pequenos. Os úteis, pois são cúmplices da nossa  preguiça em tirar o telemóvel do bolso ou consultar o relógio de pulso.  
As crianças ficam fascinadas por estes relógios. Como o ponteiro  dos segundos roda sem parar, acaba por ser o único momento em que  conseguem ver o tempo a passar. Olham o ponteiro a subir e, à medida que  se verticaliza, os seus coraçõezinhos batem mais depressa e os olhos  esbugalham-se. Quando, por fim, o indicador dos minutos dá um salto,  sabem que o mundo entrou numa nova era.  
O cais de embarque estava quase vazio. Haveria uma dezena de  pessoas aguardando a partida do comboio. Ainda não era hora de ponta,  altura em que se encheria de gente a fugir de Lisboa. Procuravam  escapar-se, durante umas horas, dos seus empregos e escolas e voltar à terra  onde moravam. Tinham pressa para irem buscar os filhos à escola ou irem  às compras, estudarem para um exame ou para se unirem a um amante. O  Outono tinha tomado conta do calendário e o céu de um dos lados da  estação apresentava uma tonalidade violácea, de fim de dia. No lado  oposto, o azul tentava resistir ao avançar da noite.  
— Um minuto — disse Luís, após o salto do ponteiro.  
Ricardo ajustou os óculos. Estavam-lhe largos por causa de um  parafuso desapertado nas hastes e teimavam em escorregar-lhe nariz abaixo.  Olhou, invejoso, para Luís. Como podia estar tão confiante e  descontraído? Iam cometer um crime. Mas isso nem era a pior parte.  Desafiariam um monstro de cento e quarenta toneladas que se deslocava a  oitenta quilómetros por hora. Podiam morrer. Po-diam mo-rrer. Dito  assim, devagarinho, a separar as sílabas, tornava-se ainda mais assustador.  
Carolina olhou para o telemóvel. Queria confirmar que faltava, de  facto, um minuto para o início.  
— Se o continuas a ligar e a desligar, ficas sem bateria. E só vale a  pena fazermos isto se conseguires filmar — ralhou-lhe Luís. — Estava só a… 
O silvo do comboio anunciando a partida caiu em cima da frase de  Carolina. Em resposta, a composição começou a mover-se. — Vamos. Ou é agora ou já não é! 
Seguiram Carolina e lançaram-se da gare para o trilho dos carris. Se  alguma das pessoas que estava no cais os viu, caminhando atrás das  carruagens, ignoraram-nos, sem lhes dar uma palavra, um grito ou fazer  uma chamada de ajuda.  
A aventura começou semanas antes, quando perceberam que, no  ano seguinte, estariam no liceu.  

— E se vêm atrás de nós? — questionou Carolina. 
— Não vêm. Têm medo de levar com um comboio. Na pior das  hipóteses, avisam os empregados da estação. Vamos ser apanhados do  outro lado, mas conseguimos passar a ponte — supôs Ricardo. E  continuou: — Entre Oeiras e Santo Amaro são setecentos metros. A passo,  ou seja, a cinco quilómetros por hora, demoramos nove minutos a fazer o  caminho. Se sairmos logo a seguir ao comboio das 17h23, ficamos com  dezasseis minutos antes do seguinte, que sai às 17h37 de Oeiras e que  chegará a Santo Amaro às 17h39. Perceberam? 
Ricardo fez a pergunta no plural, mas olhou para Luís. Este não  respondeu, apesar de o olhar o ter irritado. 23 mais 16 são 39. Era uma conta  fácil. Para bem do grupo, preferiu calar-se.  
Todos os alunos do liceu eram chamados a fazer o percurso entre as  estações de Oeiras e Santo Amaro pelos carris. O único caminho passava  por uma ponte de ferro, suspensa a trinta metros do solo. Percorrê-lo  implicava poder cair no asfalto da estrada ou ser esmagado por um  comboio. Mas isso assustava-os menos do que sujeitarem-se a cinco anos  consecutivos de bullying. Quem não fizesse a travessia também não  sobreviveria à adolescência. Pelo menos, com a auto-estima intacta.  
Queriam ser os primeiros alunos a fazer a prova antes de entrarem  no liceu. E para o provar, haveriam de se filmar a fazê-lo. Era um dois em  um. Além de conquistarem o respeito do liceu, iam pôr o vídeo nas redes  sociais. À excepção do Facebook, por ser o único sítio em que os pais eram  seus amigos. Feito o vídeo, tornar-se-iam uma lenda. E, para tal, valia a  pena arriscar a vida de uma maneira tão perigosa e leviana.  
Confiavam nos cálculos de Ricardo. Era um dos melhores alunos da  turma. Bom a matemática: o único que sabia traçar a mediatriz de um  segmento de recta.  
— Porra… Esqueci-me! 
Carolina levou a mão ao bolso e tirou o telemóvel. Ligou-o e pôs a  câmara a gravar. Nesse instante, passaram por uma placa que dizia  «Proibida a passagem» a letras vermelhas. Aproveitaram para sorrir,  enquanto simulavam um V deitado com as mãos. Prosseguiram viagem e  Carolina repetiu para a câmara o discurso que tinha ensaiado, na noite  anterior, em frente ao espelho. 
Esperou que os pais adormecessem no sofá, embalados por uma  série qualquer, e barricou-se na casa de banho. Repetiu o texto que tinha  preparado um par de vezes até que ficou a olhar para a sua imagem  reflectida. Primeiro de frente, depois de perfil. Já se notava a silhueta do  peito e as calças estavam cada vez mais cheias no rabo. Por um lado, sentia-se orgulhosa da sua figura. Por outro, não gostava que, aos poucos,  os rapazes a tratassem de maneira diferente. Antes era tudo mais fácil.  Andavam juntos e isso bastava. Agora, parecia que competiam entre si pela  sua atenção.  
Assustou-se quando a porta da casa de banho se abriu. Temeu que  os pais tivessem escutado alguma coisa. Baixou-se e fez uma festinha a  Maria Antonieta, a gata que adoptara há cinco anos. 
— Não contes a ninguém. É um segredo só nosso. 
Tapou-se com o roupão para evitar ver as curvas do seu corpo e  ensaiou outra vez o discurso com que haviam de abrir o vídeo da travessia.  
A primeira centena de metros foi vencida com facilidade.  Caminhavam sobre a gravilha em que assentavam os carris, mas, quando  chegaram ao início da ponte, pararam. Tinham medo.  
Foi Luís quem deu o primeiro passo sobre a estrutura metálica,  obrigando-os a irem atrás dele.  
A passadeira, entalada entre os carris à direita e uma rede metálica à  esquerda, tinha um metro de largura. Na ponte não havia gravilha. Entre as  barras de ferro encontrava-se o abismo e o vento era muito mais forte do  que tinham antecipado. Tinham de seguir lentamente e em fila indiana:  primeiro Luís, depois Carolina, de braço erguido, segurando o telemóvel, e  Ricardo no fim. Este conseguia ver o fecho do soutien insinuando-se no  tecido da blusa da amiga, mas o seu olhar focou-se no risco dos tríceps de  Luís, destapado pela t-shirt. A figura, mais alta que ele uns dez centímetros,  tapava-lhe a visão da estação, lá ao fundo. Ricardo irritou-se com os seus  braços tenros, com a barriga que a mãe adorava e pelo buço que não  aparecia.  
Foi então que a ponte começou a tremer. O vibrar quase imperceptível foi ganhando corpo e já ameaçava desconjuntar a estrutura.  O estrépito metálico tomou conta de tudo. Impedia-os de ver, de falar e de  pensar. Ricardo prevenira-os de que às 17h30 haveriam de se cruzar com  um comboio que iria no sentido contrário. Contribuiria para que o vídeo  se tornasse ainda mais viral, com a imagem das composições a passarem por eles, o olhar de terror do maquinista e o ar incrédulo dos passageiros. 
Mas não estavam preparados para o poder das cento e quarenta  toneladas. Perceberam que a ponte iria colapsar. Aterrorizados, tiveram de  se agarrar à rede e uns aos outros para não serem projectados.  
Mantiveram-se imóveis mesmo depois de tudo ter acabado.  Demoraram muito tempo a recompor-se. Foi Carolina a primeira a  soltar-se. Respirou fundo e deu uma palmada amigável nas costas dos seus  companheiros. 

— É melhor continuarmos — disse numa voz sumida, sem lhes  revelar que o pânico a fizera esquecer-se de filmar a passagem do comboio.  — Os meus óculos! 
De pé, de costas para a rede, viram o rosto nu de Ricardo. As mãos  percorriam a cara, tentando encontrar uma coisa que já não estava lá. A  ponte fizera a sua primeira vítima. 
Queriam sair dali o mais depressa possível. Iam-se habituado à  estreiteza da passadeira, ao vento que os queria derrubar e caminhavam de  forma rápida e decidida. 
— Temos seis minutos. — Ricardo encostou a cara ao ecrã do  telemóvel para vencer a miopia. — É melhor despacharmo-nos. Apressaram o passo. Quase corriam. A cada passada sentiam a ponte  a vibrar. Mais e mais. E perceberam que não vibrava por causa deles.  Reconheceram o balanço, o zumbido, a antecipação. Luís olhou para trás,  para a gare que tinham deixado havia poucos minutos, e viu-o. De faróis  acesos. Avançando com lentidão, mas a ganhar velocidade a cada segundo. — Vem aí outro comboio — gritou. 
Ricardo e Carolina ficaram como coelhos numa estrada, encadeados  pelas luzes dos carros. 
— É impossível — balbuciou Ricardo. 
Perdido, voltou a encostar os olhos ao telemóvel. Tinham passado  nove minutos. Ainda dispunham de mais cinco até nova partida. — Tu viste os horários? — perguntou-lhe Luís. 
— Vi. Tenho-os aqui. O próximo comboio só sai daqui a cinco  minutos. — Agitava o telemóvel como se fosse um oráculo infalível.  — Então como explicas aquilo? 
— É impossível. — Ricardo meneava a cara em negação.  
— Foda-se! Estás a ver o comboio e dizes que é impossível? — Luís  apontava para a carruagem que vinha direita a eles.  
— Está na net — gritou Ricardo, aproximando-se de Luís. — Ah! Se está na net, aquilo deve ser a minha imaginação. Carolina teve de pôr entre os dois. 
— Calem-se já e corram! 
Partiu na direcção de Santo Amaro. Os rapazes seguiram-na,  tentando acompanhar-lhe a passada. A ponte vibrava de forma cada vez  mais violenta, denunciando que o comboio também aumentara o seu  ritmo. Carolina arriscou olhar para trás. Estava já perto deles, a uns cem  metros. A saída da ponte encontrava-se ao dobro da distância. Parou. — Não vamos conseguir. 
— Continua a correr — insistiram.  
— Ele vai apanhar-nos antes de chegarmos ao fim da ponte. 

— Agarramo-nos à vedação e deixamo-lo passar — sugeriu Luís. — Não há espaço — respondeu-lhe Carolina, já a gritar. — Não  viste quando passou o outro comboio? As carruagens quase tocam na rede.  Temos de saltar para o outro lado.  
Os carris teriam uns trinta centímetros de largura. Entre eles, um espaço de  meio metro abria-se sobre o abismo. Deram as mãos para que, se um caísse,  os outros conseguissem agarrá-lo. Carolina seguiu à frente, com Ricardo  no meio e Luís a fechar o cortejo. O comboio estava quase junto deles e  ouviram o silvo desesperado do condutor, que os vira demasiado tarde, escondidos pelo entardecer que se tornara noite.  
Nenhum dos três conseguiria depois explicar o que se passou.  Estavam já agarrados aos carris da via que seguia no sentido contrário,  tinham conseguido ultrapassar a parte mais difícil. Um pé em falso, um  desequilíbrio, um solavanco, talvez. Sentiram as mãos a desenlaçarem-se. E  quando se olharam, tudo tinha mudado. Luís percebeu o pânico na cara  dos amigos, tentando agarrá-lo, mas limitando-se a apanhar punhadas de  ar. Não viu o telemóvel de Carolina a despedaçar-se sobre o asfalto da  estrada, dezenas de metros abaixo. Deixou-se ficar de pés suspensos no ar,  agarrado a um dos carris enquanto a ponte balançava pela acção dos mil e  setecentos cavalos da locomotiva que estava prestes a passar por eles.  
Os amigos caíram sobre ele, mas a pele suada e o desespero insistiam  em fazê-los perder as mãos. A custo, lá o conseguiram puxar. Gatinharam  até à passadeira do outro lado e agarraram-se à vedação no instante em que  o comboio se cruzou com o trio.  
Não guardaram recordações do resto do percurso. Arrastaram-se até  ao outro lado da ponte e a memória voltou quando chegaram à gare de  Santo Amaro. Nessa altura, já a circulação fora suspensa e o chefe de  estação os aguardava, acompanhado da polícia. Uma pequena multidão, de  mão na boca, olhava-os do alto do cais.  
A notícia da travessia passou nos rodapés dos canais de notícias e  ocupou um quarto de página num jornal do dia seguinte. O repórter de  serviço optou por usar uma imagem de arquivo de um comboio em vez de  lhes tirar uma fotografia, mas tinham a prova de que precisavam para  entrarem no liceu de cabeça erguida. 
Levaram-nos para a sala do chefe de estação. Deram-lhes água e  preencheram um relatório preliminar do incidente. O agente da polícia  mais graduado ralhou-lhes, explicando que já não eram crianças. Aquele  disparate podia ter prejudicado muita gente, além de os ter posto em  grande perigo.  
Um colega informou-os de que os pais tinham chegado. Deixaram nos sozinhos na sala, enrolados em mantas. Ficaram em silêncio. Sentiram o nervoso a ceder ao riso. Tentavam que, lá fora, não percebessem, mas a as  gargalhadas saiam-lhes em golfadas, incontroláveis.  
Um dos polícias abriu a porta e olhou-os, incrédulo: 
— E ainda se riem? 
— Desculpe — respondeu Carolina, tapando o sorriso com a mão.  — Foi sem querer.

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