View Colofon
Translations
Published in edition #1 2017-2019

Para não Te Ver

Written in PT by Valério Romão

Já sabes que levei os miúdos, as roupas, as coisas do banho, a comida  biológica dividida em pequenas porções dentro de tupperwares de cores  berrantes como as da Benetton, levei também os livros deles, porque de  noite é só pela leitura que consigo convocar o sono do Rogério, e não raras  vezes ele acorda horas depois com um pesadelo a esganar-lhe a maçã-de adão, e eu abraço-o, como te abraçava, Rita, quando fazíamos um ninho  tão perfeito que quem nos visse de cima poderia facilmente confundir-nos  com um daqueles símbolos chineses a preto-e-branco onde se vêem  explicados a imortalidade e o infinito complementar, e ele nos meus braços  faz um infinito só ligeiramente mais pequeno e lá vai voltando ao sono, às  vezes a chamar por ti, Rita: a mãe, a mãe, e eu tenho de dizer-lhe a verdade,  por muito que agora isso o magoe, percebes, estou certo de que percebes,  afinal o futuro está cheio de divãs onde regurgitar a infância, não é como  antes, que se carregavam os traumas do berço à cova numa procissão de  cicatrizes e eu digo-lhe, baixinho, que dói menos, a mãe é má, Rogério, a mãe, na verdade, é má. 
Quando recebi o teu último email, no qual me tratavas numa bílis de teres  encontrado em mim o maior dos criminosos, fiquei muito ansioso, Rita,  porque não considero que mereça de ti esse desprezo calcinado com que  aprecias todos os meus actos terrenos, mesmo aqueles (e sobretudo  aqueles) que nos ligam um ao outro, talvez nunca mais na disposição de cornucópia asiática pela qual se prisma o infinito, mas ainda assim muito  próximos, nem que seja pelos putos e pelo cão 
devo dizer-te que não voltarei a cortar uma pata ao Nero, foi um  erro, a todos os níveis, e já pedi desculpa aos miúdos, e até aproveitei a  ocasião para lhes explicar o que era o sangue e a sua importância, e como  todos nós estávamos sujeitos às desregras do sofrimento, sem aviso prévio,  que não somos nem melhores nem mais espertos do que os gregos antigos  sobre os quais a vida descia torrencialmente num aguaceiro de facas, e o  bichinho na verdade não ficou mal, consegue andar, mesmo que sempre  em primeira, e a pata não me serviu de nada porque quando entrei nos  correios, com ela nos bolsos para ta fazer chegar, percebi que não tinha  dinheiro para aqueles envelopes almofadados e o homem não aceitou  receber aquilo noutro qualquer: que se rasgava, dizia, vê lá tu que pelo  menos ainda há profissionais 
e sinto que deverias talvez regressar ao território abandonado do  nosso passado recente e lá fazeres a arqueologia do teres gostado de mim,  do como e do quanto, e mesmo que saias de lá com coisas mortas nas mãos,  pelo menos podes decalcar no processo a forma do nosso trato e passares a  ser para mim, mesmo que não o sintas, amorosa, a ver se não acontece mais  merda nenhuma.

Hoje mesmo, se te calha a ter curiosidade pelo que fazemos para nos  divertirmos, enquanto tu só sabes enfiar-te em casa para digerir esse ódio  em emails que, na extensão, mais se parecem com sumas teológicas e que só  leio até por volta da sétima linha, aborrecido mortalmente com a tua  ladainha repetitiva, pela qual recrias ciclicamente uma primazia sobre a  vida dos nossos filhos que eu não te reconheço  
vê lá se eles não estão bem comigo, Rita, se não os sei fazer felizes de  um modo que a ti será sempre inacessível, dado esse apego à etiqueta  pedagógica com a qual te arRogérionaram a infância, Rita, que eles comigo  riem, sujam-se e capitalizam a energia própria das crianças a perseguir as  crias de pardais que vão chovendo das árvores e, um a um, torcemos-lhes os pequenos pescoços para salvá-los da morte pelo frio ou na boca de um  gato, e nunca tu serias capaz disto porque te fazem alergia as escolhas que  nascem da tensão entre extremos, tu que no fundo és uma caguinchas,  Rita, tu que só gritas comigo porque sabes que haverá sempre no meu  corpo um órgão calibrado para ressoar à tua voz, mas não penses por um segundo que estou nas tuas mãos, Rita, porque eu sou livre como a luz do  sol e nem a manta opaca da noite cada vez mais escura poderá um dia  anestesiar o meu eterno retorno, Rita 
e até me atrevo a imaginar-te, sôfrega, por detrás desse monitor e  desinteressada de saber da nossa alegria, a soltares em casa os sabujos da  polícia informática e eles a tentarem, pelo cheiro dos caminhos IP  percorridos pelas minhas mensagens, triangular a minha presença em  Espanha ou em Amesterdão, logo eu, Rita, que dei biberão a firewalls de  estados democráticos nos tempos em que éramos felizes e eu bem pago, e  saíamos de casa para as Maldivas como quem vai a Badajoz descobrir um  sol mais pardo.  
Por detrás deste cu de judas, Rita, como lhe chamas na tua última  missiva, apenas tragável até meio, quando te rebenta o descontrolo  possessivo de quereres chamares tudo teu, vamos fazendo esta vida  irresponsável, de acordo com o teu juízo tão precipitado de teres tudo  muito bem esquadrinhado e compreendido, mas a gente diverte-se Rita,  quem me dera que pudesses falar com os putos, e até to deixaria não os  fosses entupir de lamentos e de mentiras, como da primeira e última vez, na  qual os aconselhaste a fugir desse maluco e a pedir ajuda a estranhos, Rita,  Rita, que raio de mãe aconselha os seus filhos a trocarem o pai por um  camionista qualquer a quem agrade os meninos ou as meninas imberbes,  Rita, e é por isso, e tu sabes, que não te permito mais um minuto de  telefone com eles, e é tão triste dizer que não confio em ti, Rita, afinal ainda  és minha mulher, apesar de tudo, mas a verdade é que não confio.

Se me visses agora, Rita, de bigode rapado como um crianço de  trinta e poucos anos, a vestir umas bermudas ou uma ganga, ao contrário  daqueles fatos-macaco para executivos para onde me encaracolava  contrariado, agora é só sorrisos, Rita, uma vida boa em que o fantasma do  quotidiano escolar não assombra a cabeça dos miúdos, eu tenho menos  vinte anos e eles mais dez e encontramo-nos neste éter hertziano da mais  pueril adolescência, e é tudo permitido e tu, parva, não quiseste vir, depois  de te ter deixado tantas mensagens a suplicar que o fizesses, que te  decidisses a aceitar-nos de novo na integridade de uma família, que não,  que não, quando me respondias aos lamentos, que não suportavas pensar  sequer em deixares-me regressar a casa, na tua cabeça eu era um petroleiro a  derramar crude por onde passava, e nem as minhas desculpas insistentes te  levaram a repensar, uma vez que fosse, a natureza precária do passado e das  memórias, sempre relativas a um ponto de vista que tu, cega, postulavas  como absoluto. 
E o ter-te batido não pode ser a desculpa para tudo, Rita, afinal o  meu pai bateu na minha mãe, o meu avô na minha avó e até o teu tio  permanentemente ruborizado cascava na tua tia e ao que eu saiba ou todas  estas pessoas continuam juntas ou a algumas só mesmo a morte as separou,  portanto não me venhas dizer que uns pisões ocasionais para te disciplinar  a audácia eram o suficiente para me pores as malas à porta sob ameaça  policial, tu que procuravas pela aspereza do teu feitio o confronto, e não  me tentes fazer crer, Rita, que desconhecias a que soava ou sabia o  confronto entre um homem e uma mulher, sobretudo quando esta última  insiste na fantasia comunista de transpor toda uma comunidade para dentro de casa para ajuizar as decisões, que, de serem entre homem e  mulher, só a eles lhes dizem respeito, mas tu foste perdendo a noção de  intimidade, aos poucos, num processo decadente de exposição pública, era  ao padeiro que mostravas, de relance, um olho roxo ou uma marca de  sangue pisado no braço, era à manicura, no seu apogeu de cerzideira, que desvendavas os nossos desencontros na cama, tudo para que te passassem a  mão pelo pêlo e para que viesses para casa, confortada pelas razões alheias  de que fazias muletas quando no calor de uma discussão se te acabavam os  argumentos. 
Tenho a certeza de que foste tu a mandar vir buscar as crianças,  tenho a certeza de que me distraí a rotear uma das múltiplas mensagens  pelas quais te vou pondo a par da nossa vida sem ti, e tu aproveitaste-te do  erro e mandaste um camelo qualquer vestido de nativo recolhê-los ao  quarto, para meu desespero de gritar com todos os recepcionistas, gerentes,  e outras peças ancilosadas desta máquina centrífuga de onde saíram  cuspidos os meus bebés, mas não perdes pela demora, Rita, hei-de 
 
persegui-los até te encontrar e a eles, para que vejas como na liberdade da  escolha eles virão correndo para mim como um cão para o dono, Rita, e  conspurcar-te-ás na tua última humilhação pública de seres preterida como  mãe, talvez isto até tenha vindo pelo melhor, Rita, talvez assim aprendas de  vez. 
Há dias que não tomo os comprimidos, para evitar dormir, e tenho  pirateado tudo quanto é companhia aérea na esperança de vê-los inseridos  numa folha de voo, mesmo que camuflados pela casca de um pseudónimo,  e nada, Rita, não sei bem o que pensar disto e ao mesmo tempo recuso-me  a aceitar aquilo que me dizes no teu último mail, onde te descartas, mais  uma vez, da responsabilidade de ter participado nos seus desaparecimentos,  e se queres saber o Pantufa morreu, talvez da infecção de que não chegámos  nunca a tratar, tenho-o ali ao pé da porta como um chouriço estendido  daqueles de não deixar entrar o ar, não sei o que vou dizer aos miúdos  quando me perguntarem por ele, talvez pudéssemos inventar uma mentira comum, só para não os ver sofrer a precipitação de um luto, não achas,  Rita, que é pelo melhor, não achas? 
Hoje mesmo jurei tê-los visto perto de uma gelataria onde comíamos  habitualmente a sobremesa, não vais acreditar mas quando os puxei pelas  mangas eram de repente outros, muito mais velhos e escuros, e eu não sei  onde se meteram os nossos, se calhar és tu que os tens aí e através da  cumplicidade desta gente que me detesta 
eu vejo-lhes nos olhos o carimbo de estrangeiro com o qual me  marcam antes sequer de me afastarem do caminho com um encontro de  ombros 
fazes uma triangulação especular com todas estas câmaras e  projectores de segurança e entreténs-te a alumiá-los um pouco por toda a  parte, para que eu, numa precipitação de gato, me lance à cata destes  espectros, às vezes batem-me porque não compreendem a minha  necessidade, o meu ardor de voltar a ter os meus filhos comigo, mas tu  percebes, não percebes, Rita, e se percebes porque continuas a fazer isto. 
Chegaram e tiraram-me daqui o Nero e só não me meteram na rua porque  sou estrangeiro e tenho ainda algum dinheiro para lhes untar as mãos  corruptas, para além de respeitar a conta que ciclicamente engorda e que  eu abato a toques de Visa, está tudo bem aqui, agora, Rita, já sei, agora as  coisas fazem sentido, como se o cheiro do cão tivesse implantado uma espécie de neblina mental que subitamente foi retirada e já consigo pensar,  finalmente, tenho tudo claro, é uma epifania, acreditas.

Quando os meto dentro do carro eles pensam que me vão chupar a pila  como fazem aos outros turistas mas eu apresso-me a desfazer o equívoco  pela expressão verdadeira de um sorriso, que não sou como os outros, digo lhes, e que nunca seria capaz de fazer isso a um filho meu, e eles ficam meio  aturdidos e alguns ainda tentam sair do carro, mas eu tenho as portas  fechadas e as costas da mão para lhes devolver o sossego e o choro, e  arrancamos estrada fora e seguimos até outro quarto de hotel na periferia  da cidade e aí eles acalmam porque pensam, no fundo, que a questão ainda  é sexual, e nesse território de conforto habitam até que os amordaço e os  ato à cama, e nessa altura é demasiado tarde para chorar, para gritar, resta  estremecerem como se tivessem frio neste país que nunca, mas nunca,  arrefece, e eu pego num bisturi e começo a tentar encontrar-lhes por  debaixo da pele as feições do Rogério ou da Rita, eu percebi que eles nunca  haviam saído daqui quando os comecei a ver por toda a parte, e não há  parte ilusória neste processo, apenas a habilidade adquirida de ver a carne  por debaixo da carne, e agora já sei que eles estão por toda a parte e é só ter  o jeito 
que eu nunca fui habilidoso de mãos, como sabes 
de lhes devolver as feições, e às vezes até penso ter conseguido, mas  três dias depois apercebo-me do equívoco e tenho de me dispor daqueles e  arranjar outros, felizmente aqui isto é fácil, nem acreditarias, só te pedia  um favor, Rita, o último, se tiveres coração, que me mandasses uma  fotografia deles, por amor de deus, que eu há dias em que todas as feições  me parecem iguais e outros em que estou esquecido de muita coisa, e assim,  quando os recuperasse, ainda te deixava falar com eles ao telefone, sabes, se  lhes entendesses a língua, que eles, ao crescer, mudaram muito, Rita,  mudaram muito.

More by Valério Romão

Natalya

Assim que soube que o problema era evasão fiscal liguei ao meu  contabilista  ó Zeferino, mas que porra é esta, tu explica-me lá que porra é esta,  disseste-me que tinhas tudo sob controlo, para ignorar as cartas das  finanças que tratavas de tudo, tu explica-me que porra é esta, e à Misé, a quem há apenas dois dias dera um anel de zircónio muito  decente,  temos de devolver a jóia, princesa, depois explico-te  lavei o bucho com dois calmantes e meia garrafa de vodka, estendi-me no  sofá e meti o portátil no chão a vomitar folhas de Excel para que, na  eventualidade de alguém chegar, a minha i...
Written in PT by Valério Romão

A aprendizagem

Quando construí o primeiro, pensei ter criado uma obra-prima. Como um pintor a terminar o quadro inaugural da sua carreira, que renegará com a mesma veemência com que o perfilhou originalmente. Fi-lo à minha imagem e semelhança e, quando lhe vi vida nos olhos pela primeira vez, foi como se me olhasse ao espelho. Apenas pela dessincronia do reflexo desfiz o equívoco. Não fui módico nas habilidades que lhe dispensei: força, agilidade, espírito combativo, uma extraordinária capacidade estratégica. Ainda assim, levei apenas dez minutos a derrotá-lo. Parecia estar a lutar com uma criança amblíope e...
Written in PT by Valério Romão
More in PT

Sempre vivemos nesta aldeia

Mudámos de pele. Digo-o a mim mesma em frente ao espelho de água que o tanque nos proporciona. Já não existem vacas na aldeia, pelo que este bebedouro é nosso, como quase tudo o que nos rodeia. Nosso e de ninguém. Património das que resistem e residem. A minha filha, que tem restos de lama e folhas secas no cabelo, agarra-se ao meu corpo como um animalzinho. Há muito tempo que não usamos o carrinho de bebé porque os caminhos de pedra estragam-no e os meus músculos habituaram-se a ela, ao seu peso e aos seus contornos, adquirindo contornos novos, atléticos, impensáveis. Já não sou uma mulher ma...
Translated from ES to PT by Miguel Martins
Written in ES by Aixa De la Cruz Regúlez

O final feliz

      Foi a chuva que me acordou. Meteu-se no meu sonho e no início eu não sabia de que mundo vinha. Eu a nadar na infinidade do Pacífico. Sei que era o Pacífico, conheço bem o Oceano Pacífico da televisão. Eu a nadar no turquesa e no cristal. É assim mesmo que dizem nas reportagens, turquesa e cristal. Na anca levava umas fitas que apertavam o fato de banho com umas continhas coloridas penduradas. Recordo-me dele das fotos, o meu primeiro fato de banho, ainda de menina. Enquanto eu fazia o nó, o céu abriu e deixou cair uma cortina de água. As gotas pesadas caíam na minha cabeça e nos meus bra...
Translated from SR to PT by Ilija Stevanovski
Written in SR by Jasna Dimitrijević

Todas as pessoas se tornam irmãos

Quando vi o Andrei afastar-se, comecei a gostar dele. Vi a sua mochila preta a abarrotar que ele transportava como um escudo sobre as costas. A mochila estava tão cheia que se percebia logo que ele não estava a caminho de nada, que não ia a lado nenhum. Se tivesse ido para as montanhas assim, a mochila ia desequilibrá-lo, podia puxá-lo para trás, e lançá-lo no abismo. Os fechos éclair da mochila estavam velhos e parecia que iam rebentar a qualquer momento. Eu imaginava que a mochila ia abrir-se de repente, como um airbag, uma almofada de ar que começava a crescer, cada vez maior, e que se tran...
Translated from NL to PT by Lut Caenen
Written in NL by Yelena Schmitz

Como pode medir-se o tempo?

Como pode medir-se o tempo? É possível compreender verdadeiramente esta categoria do pensamento e da realidade, que nos escapa continuamente no preciso momento em que procuramos compreendê-la? No nosso mundo, no qual relógios e calendários estão acessíveis em poucos segundos a quem quer que seja, é difícil imaginar o que significaria viver sem saber o momento, a hora, o dia em que se estava. Ainda nos tempos dos nossos avós, apenas os mais ricos e os mais instruídos podiam ler um jornal e ter um relógio de bolso: para aqueles que viviam e trabalhavam no campo, a perceção do passar do tempo era...
Translated from IT to PT by Ana Cristino
Written in IT by Fabio Guidetti

A aprendizagem

Quando construí o primeiro, pensei ter criado uma obra-prima. Como um pintor a terminar o quadro inaugural da sua carreira, que renegará com a mesma veemência com que o perfilhou originalmente. Fi-lo à minha imagem e semelhança e, quando lhe vi vida nos olhos pela primeira vez, foi como se me olhasse ao espelho. Apenas pela dessincronia do reflexo desfiz o equívoco. Não fui módico nas habilidades que lhe dispensei: força, agilidade, espírito combativo, uma extraordinária capacidade estratégica. Ainda assim, levei apenas dez minutos a derrotá-lo. Parecia estar a lutar com uma criança amblíope e...
Written in PT by Valério Romão

Os Meninos Escritores

Quase tudo o que aconteceu nesse dia passa-se aqui. Estou com o indicador  apontado à cabeça. Muitos anos depois, enquanto levo o meu filho a  descobrir o gelo, ainda recordo todos os acontecimentos daquele único dia  como «o fuzilamento».  Ninguém morreu. As pessoas eram perigosas, especialmente as  crianças pequenas, penduradas nas árvores. Os pés a balançar — e era da  língua no meio da boca que viriam os piores crimes.   Ouvir dói, caminhar é um truque. Caminhemos.   Mesmo os pequenos ditadores envelhecem. Os filhos coabitam a  terra com os pais, há milhões, talvez milhares de anos. Imagin...
Written in PT by José Gardeazabal