Simion Doru Cristea was born in Bistrița, Romania. He graduated from the Faculty of Philology from the University Babeș-Bolyai in Cluj-Napoca, Romania with classes of Cinematography, Cluj-Napoca, The High Post Graduate School of Philology and History, at the same University. He has published different issues in reviews, collective books and books: Manifestul elevului de nota 10 (The Manifest of the A mark Student, Dokia Publishing House), Funcția symbolic-mitică în textul religios (Symbolic-mythic function in Religious text, Cluj-Napoca, GEDO Publishing House) and the novel Să trăiți, Domule Președinte (God speed, Mister President, Cluj-Napoca, Dokia Publishing House).
Portasar Nenhum Instante
Lucas corre tão lesto ali que as novas imagens não chegam a substituir as mais antigas em tempo útil. O vento sopra silenciosa e eficazmente, mínimas fricções. Os pomares estão rodeados pela floresta e nela, através do procedimento do caminhar, Lucas deparou-se com uma tília muito alta, folhas esbranquiçadas por trás, com um enorme buraco na base. Dentro havia areia seca e uma cama onde se pode dormir quando chove e uma taça. Ali nunca lhe faltavam números para adicionar, multiplicar e dividir, finalmente podia recuperar os números originais do resultado e fazer outra coisa com eles como...
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by Simion Doru Cristea
Written in RO by Cătălin Pavel
Revolta inversa
A sua vida com Carmen Ottomany começara muito abruptamente nos finais do décimo primeiro ano. No dia em que tinha decidido deixar a cidade, procurou uma fulana alta da turma mais próxima, uma tal Fahrida (o seu pai era do Irão), mas que se apresentava como Frida. Saiu da cidade pois estava convencido de que ao partir os limites ficariam para trás, uma convicção absurda, mas se alguém nunca a tiver será digno de piedade. Foi encontrar a tal Frida entre um grupo de raparigas nas traseiras de um prédio, fumando e rindo. Fumava-se naqueles tempos, mesmo nos liceus dos snobes como era o Sub...
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by Simion Doru Cristea
Written in RO by Cătălin Pavel
O Dilema do Guarda-Chuva Castanho Primeira Porta à Direita Nada
Certo dia, na realidade, foi encontrado um guarda-chuva castanho. Era um guarda-chuva grande, com um cabo de madeira, sob o qual cabiam duas pessoas. Residia numa gelataria, num canto empoeirado. Nela habitavam igualmente algumas aranhas de enormes patas. Certa noite… – era uma noite de verão – , o chapéu-de-chuva abriu os olhos e decidiu: «Vou-me embora.» Mas não tinha pernas e por isso não podia andar sozinho para nenhum lado. Alguém teria de o levar.
Como habitualmente, no dia seguinte de manhã, Carl abriu a loja e sentou-se atrás do balcão, à espera dos clientes. Tinha de ser um dia...
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by Simion Doru Cristea
Written in RO by Anna Kalimar
Um Anjo
– Xiu, olha, lá vem.
Os homens sustêm o fôlego, imobilizados, contra a arcada. Pela sua frente passa uma mulher com uma capa verde, mala, sapatos e luvas de pele de serpente. Os saltos altos transmitem um som agudo e do seu cabelo preso ao alto caem algumas madeixas. O passeio está cheio de gente que vem das compras, e a mulher sobressai, discordante, com o seu luxo fora do comum. Porém, ninguém lhe assobia, até mesmo algumas pessoas lhe dão passagem ao chegar.
– Lá vem ela agora – murmura o homem mais velho, e os dois furam atrás dela.
Seguem-na a uma distância suficientemente grand...
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by Simion Doru Cristea
Written in RO by Anna Kalimar
A Alameda do Amanhecer
Cada homem goza de direitos, porém estes direitos são divinos, e não pode ser de outro modo, numa última frase, não é obrigatório que esta frase seja longa nem semelhante a um bilhete de despedida, o que conta é que seja verdadeira, com uma verdade que a preencha, mesmo que seja a última, porque a verdade tem o hábito de ser caprichosa, o que não significa que não exista, existe seguramente e deve ser revelada, mas não num conto, o conto contém a sua verdade intrínseca, não a mesma da verdade verdadeira nem menos, mas esta frase é minha por direito para uma história e segui-a até ao fi...
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by Simion Doru Cristea
Written in RO by Andrei Crăciun
O Comunismo Visto por Criancinhas
Tenho quatro anos e nunca subi mais além do primeiro andar. Estou convencido de que a serpente azul do corrimão é infindável, que ela sobe, sobe e sobe, rebenta o teto de alcatrão do nosso prédio e avança invisível até ao céu. É um pensamento que não partilho com ninguém. O meu medo aquece-se na chama deste pensamento.
As pessoas descem dos andares superiores, lá do céu, por vezes falam entre elas em surdina e não oiço o que dizem. Mas nunca há um silêncio combinado entre elas. Nunca há silêncio. Os murmúrios flutuam de uma para outra. São como algumas abelhas ou talvez como algumas mo...
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by Simion Doru Cristea
Written in RO by Andrei Crăciun
O tempo é um circo
De madrugada, sonhou com um crime cometido sob uma amendoeira e quatro bilhetes de lotaria, todos sem prémio. Era domingo.
No sonho, o jovem médico chorou e despertou com as bochechas húmidas, abraçado por uma tristeza púrpura. Come sem apetite, veste-se de luto e espera pelo telefonema que deveria confirmar quem morreu nessa noite.
O seu avô nascera perto do início do século XX num mundo demasiado longínquo para que as pessoas tivessem mantido algumas fotografias dele.
O pai do seu avô tinha falecido trinta anos antes do jovem médico nascer. Ele vinha de um tempo ainda mais antigo, quando os ...
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by Simion Doru Cristea
Written in RO by Andrei Crăciun
O exílio
A cama era como uma caravela que trespassava as águas da noite. Abraçados, ambos tinham a textura de uma onda sombria, iluminada, de vez em quando, por um raio de luz. A caravela flutuava serena e misteriosa, e à volta a paisagem era apenas a infindável extensão das águas, sem que esta fosse assustadora. Tinham-se reencontrado há pouco tempo.
Por vezes, jogavam ténis. Às vezes bebiam mesmo uma cerveja depois. Tais camaradagens efémeras aconteciam muitas vezes entre os empregados solitários que tinham sido transferidos para aquela cidade. Geralmente, preferiam transferir solteiros. Contudo, cu...
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by Simion Doru Cristea
Written in RO by Anna Kalimar
O metro
Na segunda-feira de manhã ouvi o metro chegar à estação no momento em que introduzia o bilhete na máquina e, embora ainda não estivesse atrasado e mesmo que estivesse, não havia problema, embora estivesse abraçado pelo desejo absoluto de apanhar aquele metro, um desejo não tanto como uma vontade, mas como um anseio bizarro de vingança, lançou-se pelas escadas abaixo. Aconteceu algo muito curioso. Assim como se diz que quando se morre, toda a vida te passa pela frente dos olhos, naqueles breves segundos de que precisou T. para saltar os degraus, toda a sua vida lhe passou pela mente a uma veloc...
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by Simion Doru Cristea
Written in RO by Cătălin Pavel